Então, vieram duas mulheres ter com o rei, e se puseram diante dele. E disse-lhe uma das mulheres: Ah, meu senhor! Eu e esta mulher moramos na mesma casa; e tive um filho, estando com ela naquela casa. E sucedeu que no terceiro dia depois do meu parto, também esta mulher teve um filho. Estávamos juntas; nenhuma pessoa estranha estava conosco na casa; somente nós duas estávamos ali. Ora, durante a noite morreu o filho desta mulher, porquanto se deitara sobre ele. E ela se levantou no decorrer da noite, tirou do meu lado o meu filho, enquanto a tua serva dormia, e o deitou no seu seio, e a seu filho morto, deitou-o no meu seio. Quando me levantei pela manhã para dar de mamar a meu filho, eis que estava morto; mas, atentando eu para ele à luz do dia, eis que não era o filho que me nascera. Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo é meu filho, e teu filho o morto. Replicou a primeira: Não; o morto é teu filho, e meu o vivo. Assim, falaram perante o rei. Então disse o rei: Esta diz: Este que vive é meu filho, e teu filho o morto; e esta outra diz: Não; o morto é teu filho, e meu filho o vivo. Disse mais o rei: Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante dele. E disse o rei: Dividi em duas partes o menino vivo e dai uma metade a uma, e outra metade a outra. Mas a mulher cujo filho viera de suas entranhas estremeceu por seu filho, e disse: Ah, Senhor! dai-lhe o menino vivo, e de modo nenhum o mateis. A outra porém, disse: Não será meu, nem teu, dividi-o. Respondeu então, o rei: Dai à primeira o menino vivo e de modo nenhum o mateis; ela é sua mãe. E toda Israel ouviu a sentença que o rei proferira, e temeu ao rei; porque viu que havia nele a sabedoria de Deus para fazer justiça. Bíblia, I Reis 3.16 a 3.28 |
Que sejamos humildemente, mães de coração. Sejamos expressão do Amor infinito, da Beleza atemporal, da Sabedoria da unidade da equanimidade e da impermanência, do Trabalho desinteressado e constante, da Gratidão por cada dia, da Consciência plena. Sejamos pros outros a Luz que abraça, alimenta e renova, fonte de todas as virtudes. Que em nosso coração batam todos os outros corações. Que possamos perceber que a nossa Vida está ligada a tudo e a todos em Amor e em Verdade.
29 janeiro 2012
Justiça
20 janeiro 2012
Astronauta
Conta-se que uma vez, um astronauta foi enviado numa
missão de muitos anos em órbita da Terra em uma
espaçonave que tinha um habitat um pouco maior do que
seu próprio corpo.
De início, ficou extremamente apreensivo pois não sabia o que
esperar de tal missão, por ser sua primeira, e apesar de ter sido
treinado em Terra por muitos anos.
esperar de tal missão, por ser sua primeira, e apesar de ter sido
treinado em Terra por muitos anos.
Tinha todo o conhecimento técnico, mas o que o fascinava e
ao mesmo tempo amedrontava era o vazio de não conseguir
precisar ou esperar os seus próprios limites pela falta da
vivência nessa nova experiência.
vivência nessa nova experiência.
Mergulhou nela, no seu fascínio, e por muito tempo contentou -se
experienciando a imensa beleza, perfeição e constância de sua nova vida,
como se tivesse sido abençoado por poder por em prática todas as rotinas
que havia aprendido, congratulando-se pelo seu perfeito desempenho,
como se tudo corresse como desejava.
Até que um dia, extasiado com a maravilhosa vista dos inúmeros nasceres
e pores de sol que via num único dia terrestre, ouviu, pela primeira vez,
e pores de sol que via num único dia terrestre, ouviu, pela primeira vez,
vindo dos fundos dos fundos das engrenagens de sua nave um ruído
que destoava imensamente de toda aquela paz que tinha estado
mergulhado por tanto tempo.
Nem alto, nem baixo, mas firme e constante.
Aquilo era praticamente nada diante daquela imensidão em que se
encontrava, mas dentro de sua cápsula, só, após decorrido algum tempo,
começou a pronunciar-se cada vez mais.
Procurou a fonte desse ruído incansavelmente e sem sucesso,
aquele "tic toc" que passou a fazer parte de sua vida diária, como
uma ínfima pedra no sapato, crescia em sua consciência ameaçando
aquilo que elegera como seu paraíso.
aquilo que elegera como seu paraíso.
Agora constrangido por essa crescente ameaça invisível em sua mente,
e consciente de que mais cedo ou mais tarde levaria-o à insanidade,
e consciente de que mais cedo ou mais tarde levaria-o à insanidade,
sem perceber, deu asas às mais diversas e terríveis suposições e teve
em sua mente um florescimento de inúmeras visões e sentimentos
que o aprisionaram em uma dolorosa vivência perturbadora.
em sua mente um florescimento de inúmeras visões e sentimentos
que o aprisionaram em uma dolorosa vivência perturbadora.
Durante muito tempo, fantasias criadas a partir dessas visões
perseguiram-no e bloquearam a sua capacidade de ver aquela
simplicidade e perfeição tão caras anteriormente.
perseguiram-no e bloquearam a sua capacidade de ver aquela
simplicidade e perfeição tão caras anteriormente.
Seu paraíso ruíra, já não conseguia alcançar a tão estimada paz,
ou contemplar por muito tempo as mais belas visões que a sua
única janela descobria-lhe constantemente, sentia um buraco
no peito, uma melancólica saudade de algo que já não se
lembrava. O ruído tornou-se foco e objeto de sua atenção.
única janela descobria-lhe constantemente, sentia um buraco
no peito, uma melancólica saudade de algo que já não se
lembrava. O ruído tornou-se foco e objeto de sua atenção.
Incessantemente, refletiu e armou-se das mais astuciosas estratégias
de combate à loucura, não podia deixar-se ser derrotado,
mas sem sucesso, sucumbiu e entregou-se à própria sorte,
isolado em sua ilha no espaço.
mas sem sucesso, sucumbiu e entregou-se à própria sorte,
isolado em sua ilha no espaço.
Depois de um sono que há muito deixara de ser reconfortante,
decidiu que não podia mais lutar contra aquilo que se lhe apresentava
como realidade, então num gesto de quase desespero,
fechou os olhos e quis ser livre daquilo que há tanto o aprisionava.
E ouviu, pela primeira vez com atenção e cuidado
E ouviu, pela primeira vez com atenção e cuidado
aquele ruído que tanto o incomodava. Ouviu, deixou-se sentir todas
aquelas emoções e sentimentos que tinham brotado de seu coração
por todo aquele tempo de perturbações. Ouviu e admirou-se
da fragilidade de sua paz de espírito, da inocência do crédito
à sua própria sorte, abaladas por tão pequena coisa,
externa a si mesmo, incontrolável.
da fragilidade de sua paz de espírito, da inocência do crédito
à sua própria sorte, abaladas por tão pequena coisa,
externa a si mesmo, incontrolável.
Inconformado, percebeu que a única coisa que podia fazer era
deixar-se tomar por aquele ruído, entendê-lo, aceitá-lo. E admirou-se,
por coisa tão pequena tornar-se tão grande e importante dentro de si,
por ter dado crédito a toda a sorte de interpretações e especulações
provenientes de sua própria mente, por escolher aquilo dentre tantas
coisas a escolher, por fazer daquilo objeto e objetivo de sua vida.
Respirou profundamente e expirou aquela solidão.
deixar-se tomar por aquele ruído, entendê-lo, aceitá-lo. E admirou-se,
por coisa tão pequena tornar-se tão grande e importante dentro de si,
por ter dado crédito a toda a sorte de interpretações e especulações
provenientes de sua própria mente, por escolher aquilo dentre tantas
coisas a escolher, por fazer daquilo objeto e objetivo de sua vida.
Respirou profundamente e expirou aquela solidão.
E sentiu em seu íntimo uma sensação de acolhida desconhecida até
então. Um abraço invisível. Aconchego. Silêncio. E perdeu-se naquele
sentimento, naquela entrega, perdeu-se no entendimento
da sua pequenez.
então. Um abraço invisível. Aconchego. Silêncio. E perdeu-se naquele
sentimento, naquela entrega, perdeu-se no entendimento
da sua pequenez.
Quando abriu os olhos, sentia-se em paz, como há muito
já não se lembrava.
já não se lembrava.
E sorriu pela primeira vez em muito tempo porque pode perceber
a sua janela mais uma vez. E em meio a esse contentamento
não ouvia mais aquele ruído desconcertante, nem sequer lembrou-se
mais dele. Prestou mais atenção e ouviu suaves notas sonoras que
davam perfeito pano de fundo à sua maravilhosa visão.
a sua janela mais uma vez. E em meio a esse contentamento
não ouvia mais aquele ruído desconcertante, nem sequer lembrou-se
mais dele. Prestou mais atenção e ouviu suaves notas sonoras que
davam perfeito pano de fundo à sua maravilhosa visão.
Apaixonou-se por essa sinfonia tão bela de um tilintar
constante e firme e amou de verdade tudo o que estava
constante e firme e amou de verdade tudo o que estava
à sua volta porque tudo fazia-o feliz. Sentiu-se livre e desejou,
lá do alto, humildemente, do seu pequeno casulo
que todos os que estavam na face da Terra, acima dela
lá do alto, humildemente, do seu pequeno casulo
que todos os que estavam na face da Terra, acima dela
e todos aos que suas preces alcançassem, pudessem
compartilhar com ele aquele "ó" de deslumbramento
diante de tamanha harmonia, perfeição e simplicidade
de tudo que os rodeia e que pudessem ter a visão da luz do sol
a qualquer instante, assim como o desejassem, como ele próprio
podia, e terem a perspectiva e a altura suficientes para perceberem
a curvatura da Terra, sua casa, e vislumbrarem a imensidão
compartilhar com ele aquele "ó" de deslumbramento
diante de tamanha harmonia, perfeição e simplicidade
de tudo que os rodeia e que pudessem ter a visão da luz do sol
a qualquer instante, assim como o desejassem, como ele próprio
podia, e terem a perspectiva e a altura suficientes para perceberem
a curvatura da Terra, sua casa, e vislumbrarem a imensidão
das estrelas para além de seus limites, mesmo estando eles também,
presos em seus próprios casulos espaciais.
A história é fictícia, mas as seguintes fotos e comentários são do astronauta americano Douglas Wheelock,
tido como o astronauta poeta.
tido como o astronauta poeta.
13 janeiro 2012
09 janeiro 2012
Unidade
"Quando eu digo que o outro é apenas você em um outro instante,
essa é a estrita Verdade.
Ir para o outro é ir para si, fundir-se em si mesmo.
Tomar consciência disso é pôr fim a toda distância e a toda separação.
Esse é o Amor da Unidade, que liberta,
que dissolve a mente
e mergulha o Ser na plenitude do coração do divino ilimitado.
Em verdade, Eu sou em Vocês e Vocês são em Mim."
Maria
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei"
Jesus
"Queimará o incenso que sua benevolência há de produzir,
para perfumar sua meditação,
que julga ser a mais sagrada de todas as forças.
Tanto mais sagrada quanto mais se multiplicarem
os sons supremos de sua devoção em você mesmo.
Porém, mais tarde, terá que demolir o seu templo, pedra por pedra.
Então sentirá a unidade de tudo
e que não há mal que o ameace, nem bem que o seduza.
E assim estará cruzando os portais da Plenitude Suprema."
"Virtude atrai virtude,
apego atrai apego e sofrimento.
Quem vive a virtude nunca deseja ser louvado,
Aquele que se apega às expressões do ego
não suporta ser desprezado e procura,
não suporta ser desprezado e procura,
em suas ações o louvor, a gratidão do outro.
A mente acalma-se diante da virtude da humildade,
da paciência, da pureza de coração.
da paciência, da pureza de coração.
Assim, é possível amar sem querer ser amado.
Bem aventurado é aquele que verdadeiramente ama
sem desejar ser amado.
sem desejar ser amado.
Em virtude o homem suporta com alegria as tribulações que lhe apareçam.
Vive humildemente todos os dias sem envolver-se e ama a todos os seres,
sem exceção.
sem exceção.
O que segue o caminho, liberta-se do jugo
e em suas ações se refletem as virtudes que são
o verdadeiro sentir espiritual.
Nesse caminho vive-se a Lei do Ser,
e em suas ações se refletem as virtudes que são
o verdadeiro sentir espiritual.
Nesse caminho vive-se a Lei do Ser,
a plenitude, a plena auto liberação.
Enquanto a vida for presa à limitação da forma e ao assédio dos desejos,
não poderá conduzir-se a tudo aquilo que é útil e verdadeiro
e assim, nunca será consciente de sua real identidade, que é divina.
Sábio é aquele que executa suas tarefas
sem apegar-se aos frutos de suas ações.
sem apegar-se aos frutos de suas ações.
Não é agressivo, não alimenta ideias de vitória ou derrota.
Está sempre em paz, pronto para agir.
Transmite ensinamentos sem usar palavras,
pois essa é a forma mais efetiva de comunicação.
Suas ações determinam perfeição.
Produz, sem apropriar-se de coisa alguma,
porque possui a virtude do desapego.
porque possui a virtude do desapego.
Baseia seu ser em Amor
onde desaparece o sentido do observador e do observado,
restando apenas um estado de participação."
Mahakrishna Swami
02 janeiro 2012
Chegamos ao céu
do nosso coração
completamente despidos de nós mesmos
com a verdade e a pureza das crianças que somos
e vemo-nos acolhidos pelo abraço maternal
que nos nutre e preenche
dessa plenitude que nos envolve
e que é comum a tudo e a todos.
E voltamos pela estrada afora,
por amor, só pra contar
que tudo o que é
está no seu e no meu
e o que não é vai passar
e ser esquecido,
pois nada pode perdurar
para além desse abraço eterno,
dessa paz incomensurável.
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